sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

GRANDES VULTOS DO ESPIRITISMO


Alfredo Caetano Munhoz

Saindo da minha humildade, e cedendo aos impulsos da amizade e da admiração que tributo ao grande batalhador sobre cuja individualidade vou tentar escrever algumas palavras, suplico desde já aos leitores que perdoem a ousadia de um neófito nas lides da palavra escrita. 
A quatro de fevereiro de 1845 nasceu Alfredo Munhoz, o incansável apóstolo do Espiritismo no Paraná; dedicou-se à vida pública, e sempre honrou os cargos que lhe foram confiados; hoje já com 64 anos de idade, trabalhador  pertinaz, continua ainda a prestar seus serviços ao Estado, ocupando o cargo de diretor dos debates do Congresso Estadual. 
Filiando-se à nova doutrina que se procurava implantar no Paraná, tornou-se ele um dos mais ardentes e esforçados missionários da Nova Revelação, nas terras paranaenses. Durante dez anos, nas páginas d’A Luz, o seu superior talento mostrou-se em toda a sua pujança; os trabalhos de Alfredo Munhoz nessa revista, que tanto ergueu o Espiritismo, constituem belíssimas produções da literatura das novas doutrinas.  
Ele, porém, não se deixa adormecer diante dos louros colhidos: é o Mestre de sempre, infatigável e estudioso; e, se não fora a sua extrema modéstia, ocuparia atualmente um dos primeiros lugares na vanguarda da mentalidade paranaense.  Com estas humildes linhas, o meu único fim é fazer com que não seja uma mentira o que diz o conhecido provérbio latino – Justitia super omnia! 
Curitiba, fevereiro de 1906. Alfredo Caetano Munhoz desencarnou em Curitiba em 1º de fevereiro de 1921.  Era filho de Caetano José Munhoz e de Francisca Franco Munhoz. Era casado em primeiras núpcias com Ritta de Oliveira Munhoz (filhos: Francisco, Rachel, Raul, Sylvia e Tharcíllo) e em segundas núpcias com Analia de Oliveira Munhoz (filhos: Ritta, Alfredo e Maria da Luz). (Dados da certidão de óbito n.º 28735 do Cartório Ermelino de Leão Neto). 




Arthur Conan Doyle
Segundo escreveu o saudoso Prof. José Herculano Pires, prefaciando a obra de Arthur Conan Doyle, "História do Espiritismo", é um nome conhecido e lido no mundo inteiro.
Dotado Conan Doyle de fértil imaginação, comunicabilidade natural de seu estilo, a espontaneidade de suas criações tornaram-no um escritor apreciado e amado por todos os povos.
Em nosso país a série Sherlock Holmes, a série Ficção Histórica e a série Contos e Novelas Fantásticas aqui estão para comprovar a afirmação feita em favor do extraordinário escritor.
Entretanto, é bom que se diga que ele não apenas se destacou naquelas linhas compostas com três séries, pois além de historiador, pregou o uso de métodos científicos na pesquisa policial, destacou-se também como um lúcido escritor espírita em todo o mundo, revelando notável compreensão do problema espírita in-totum (como ciência, filosofia e religião).
Então, além daquelas séries enumeradas no início destas considerações existem mais duas séries: a de História e a do Espiritismo.
Ao ser lançada a primeira edição da obra "História do Espiritismo", a revista inglesa "Light" destacou o equilíbrio e a imparcialidade com que o assunto foi abordado. Uma extensa Nota assinada por D.N.G. destacou que os críticos haviam sido "agradavelmente surpreendidos", porque Conan Doyle, conhecido como ardoroso propagandista do Espiritismo, fora de uma imparcialidade a toda prova. E o articulista da revista "Light" continuava: "Uma obra de história, escrita com preconceitos favoráveis ou contrários, seria, pelo menos, antiartística, pecado jamais cometido pelo autor de - The White Company -, em nenhum de seus trabalhos".
O próprio Autor define aquele critério ao falar do desejo de contribuir para que o Espiritismo tivesse sua história e o objetivo da obra não era o de fazer propaganda de suas convicções, mas o de historiar o movimento espírita. Daí, colocar-se imparcial e serenamente como observador dos fatos que se desenrolam aos seus olhos, através do tempo e do espaço. (Ipsis litteris).
Reconhecendo a magnitude e amplitude do trabalho que se propôs realizar pediu auxílio a outras pessoas e encontrou em Mrs. Leslie Curnow uma dedicada e eficiente colaboradora e com essa ajuda prosseguiu investigações até concluir a obra.
Reconheceu não haver realizado um trabalho completo porque não dispunha de recursos necessários e tempo, mas, com satisfação verificou que fez o que era possível no momento, diante da enorme extensão e complexidade do assunto, além das condições de dificuldades do próprio movimento espírita da época. Arthur Conan Doyle nasceu em 22 de maio de 1859, em Edimburgo, faleceu em 7 de julho de 1930, em Cowborough (Susex), após viver 71 anos bem proveitosos.
Em junho de 1887 escreveu uma carta ao Editor da revista "Lìght" explicando as razões de haver se convertido ao Espiritismo. Tal carta foi publicada na edição de 2 de julho de 1887 da referida revista e republicada na edição de 27 de agosto de 1927. Em 15 de julho de 1929 a "Revista Internacional do Espiritismo", de Matão, São Paulo, dirigida por Cairbar Schutel, publicou no Brasil a primeira tradução integral daquela carta, documento importante, onde o jovem médico em 1887 revelava ampla compreensão do Espiritismo e a importância da Mensagem que a Doutrina trazia para o mundo inteiro.
Conan Doyle ainda escreveu um pequeno livro traduzido por Guillon Ribeiro e sob o título "A Nova Revelação", que descreve em detalhes como se deu sua conversão. Outras obras doutrinárias de grande mérito, revelando perfeito entendimento do problema religioso do Espiritismo, afirmando a condição essencialmente psíquica da religião espírita, "A Religião Psíquica".
A doutrina da reencarnação determinou o aparecimento de uma divergência entre aquilo que se estabeleceu chamar Espiritismo Latino e Espiritismo Anglo-Saxão. Estes, particularmente os ingleses e americanos, embora aceitassem a Doutrina Espírita não admitiam o Princípio Reencarnacionista e tal motivou os ataques e críticas ao Espiritismo. Embora a resistência mantida na Inglaterra e nos Estados Unidos contra o Princípio Reencarnacionista, Conan Doyle e outros espíritas americanos e ingleses, de renome, admitiam a reencarnação.
Na obra "A Nova Revelação", Conan Doyle declara que "muitos estudiosos têm sido atraídos ao Espiritismo, uns pelo aspecto religioso, outros pelo científico, mas, até agora ninguém tentou estabelecer a exata relação que existe entre os dois aspectos do problema". Tal foi escrito entre 1927 e 1928, sessenta anos após a desencarnação de Kardec.
Sabemos que Kardec definiu e solucionou aquele problema ao apresentar o Espiritismo como Doutrina sob tríplice aspecto: filosófica, científica e religiosa.
E Conan Doyle identificava-se com o pensamento de Kardec, aguardando que a codificação kardequiana aparecesse, sem perceber que ela já existia e estava ao seu lado, para lá do Canal da Mancha.

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